quarta-feira, 30 de abril de 2014

Sobre escatologia


Sim, vamos falar sobre xixi, cocô, puns e vômito. Até porque, depois que seu bebê nascer, este será um tema recorrente no seu dia a dia. Particularidades como cor, cheiro, consistência e quantidade de cocô serão comentadas entre você e o pai da criança com toda a naturalidade, na mesa de jantar. Cada pum que seu bebê soltar, desacompanhado de dor, cólicas e choradeira desesperada será motivo de festejo.  Portanto já é bom ir se acostumando.

Porém meu relato começa bem antes do nascimento, na gravidez. Provavelmente são detalhes não compartilhados em geral com outras pessoas ou mesmo com o pai do bebê, portanto poderá representar surpresa para muitos. 

Começo com xixi. Ele será presença constante em sua vida, principalmente nos 3 primeiros e 3 últimos meses. A ponto de você já se levantar da privada com vontade. Este desconforto inicial se deve à ação dos hormônios e no final da gravidez, acontece devido à pressão da cabeça do bebê contra sua bexiga. São 5, 6 xixis madrugada adentro, mas não pense que eles interromperão seu sono, não se preocupe: você não estará mais dormindo a essas alturas.

E por falar em pressão da cabeça do bebê, faça um experimento: pegue um saco plástico de feira. Corte um bico no fundo como se faz para confeitar bolo. Agora enfie uma bola de tênis no saco, próximo ao furo que vc fez. Sobre a bola, jogue chantili, brigadeiro, mingau ou ainda uma comida mais sólida. Feche o saco, eliminando o ar. Agora esprema de forma que o conteúdo do saco ultrapasse a bola de tênis e saia através do orifício que você abriu. Nao deixe a bola se deslocar, ela deve permanecer rente ao furo. Difícil, né? Pois é isso que acontece a partir do 6° ou 7° mês, quando você tenta (digo "tenta" e não "faz" porque algumas vezes você vai desistir e deixar pra mais tarde) fazer cocô. A bola é a cabeça do bebê, o chantili é o seu cocô e o orifício é, claro, o seu cu. Saiba que algumas vezes, quando você encarar a missão e enfrentá-la até o fim, acontecerá (com muito mais freqüência do que você imagina) de você se machucar e ver sair, junto com o chantili, um pouco ou bastante sangue. O orifício ficará dolorido o dia todo e quando estiver quase melhorando você já terá fabricado mais chantili estabelecendo, assim, um ritual masoquista constante. Mais uma vez alerto: cuidado com as comilanças. Quanto menos comida, menos chantili. Considere todo este esforço como um treinamento para o parto normal.
Quando comentei o ocorrido com meu médico, ele usou o termo "sangramento hemorroidário" ou algo neste gênero (minha memória não anda nada confiável e estas falhas são assunto para outro post), disse que são comuns e depois passam, mas pra eu ficar de olho. Pesquisando o tema no google, achei também o termo "botão hemorroidário" e muitas matérias associando gravidez com hemorróidas.  Agora sejam sinceras: vocês já ouviram falar sobre os desejos, os enjôos, o ganho de peso, os chutes, mas alguma mãe foi solidária o suficientes para compartilhar sua história sobre hemorróida gravídica ou botão hemorroidário? Não! Elas têm um complô! Querem ver todo mundo se rasgar e virar do avesso para cagar, assim elas se sentem vingadas e sentem a própria dignidade resgatada. Felizmente, no meu caso, não estourou hemorróida mas já ouvi relatos de uma mãe que, nas 3 gestações que teve, sofreu grandemente com hemorróidas a ponto das mesmas ficarem expostas, penduradas entre suas pernas. Imagina como se senta uma criatura neste estado. Como dorme, se no final da gravidez a única posição razoável para dormir é sentada? Sinceramente, ter 3 gestações nestas condições é sobre-humano.

Mais uma coisa que duvido que alguma mãe tenha lhe contado: você vai ter muitos gases. Muitos mesmo. Qualquer inocente arroz branco com alface terá o efeito de uma buchada de boi. E haverá vários (praticamente todos) momentos em que você não conseguirá conter a expulsão dos gases. Um movimento em falso, mais brusco ou inesperado e prrrr. Lá se foi. E mal-cheirosos! Não importa o que você coma. Isso infelizmente poderá acompanhá-la a gravidez inteira, intensificando-se em um ou outro período.

Quanto aos vômitos - vômito de grávida tem toda uma particularidade: ele enche o saco para vir, com muito enjôo e  mal-estar, mas ao dar descarga (se a grávida teve o prazer e a dignidade de conseguir chegar até uma privada para o descarrego) a grávida já estará planejando o que comer, com água na boca. É um vômito desejado e que representa alívio.

Eu poderia até me estender no capítulo das escatologias, mas é hora do almoço.

Boa sorte e até um outro post (certamente demorará bastante pois minha bebê não tem me permitido fazer praticamente nenhuma atividade sem que ela esteja devidamente pendurada no meu colo e/ou teta)!

Um comentário:

  1. KKKKKKKKKK......Eu fui sincera com vc. Só não comentei sobre os puns, pq eles nem eram considerados "acontecimentos". Eram tão presentes que faziam parte do dia a dia. Bjs prá vcs e prá Sofia, cada dia mais linda .

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